28.7.06

O Desafio para a Conservação da “Mata Atlântica”


por Flavio Guiera



Sempre que sou questionado sobre um tema que cerca a “Mata Atlântica” costumo retrucar, em primeiro lugar, que a Floresta Atlântica não é mata, é floresta, assim como a Amazônica que tem tal status na boca do povo. Em segundo, questiono eu, a que tipo de bioma o tema se refere? Pois a Floresta Atlântica em que mergulho a cada descida da Serra do Mar ou da Paranapiacaba, rumo a Curitiba, tem diferenças tão díspares da região de Floresta de Araucária em que nasci e maiores ainda com a região de Floresta Estacional em que moro atualmente, que não há como colocar todas em um mesmo saco e definir que tudo isto faz parte de uma só “Mata Atlântica”. Não consigo engolir o Mapa de Biomas do Brasil, encomendado ao IBGE pelos Ministérios do Meio Ambiente e do Planejamento, Orçamento e Gestão, como uma ferramenta útil para efeitos de conservação da biodiversidade, manejo e desenvolvimento do País.

Infelizmente, a generalização da nomenclatura é uma das menores a que estão sujeitas todas as diferentes regiões fitoecológicas – que são os verdadeiros biomas – que compõem o que o Decreto 750/93 definiu, no grito, como Mata Atlântica.

Mas, e na prática? O que fazer dos últimos fragmentos de uma vegetação que possui somente 7,3% de sua cobertura original? E ainda mais, sabendo-se que agrega a região fitoecológica de maior biodiversidade no planeta, a verdadeira Floreta Atlântica (Floresta Ombrófila Densa, IBGE 1992)? Os proprietários rurais e comunidades que dela dependem para sua sobrevivência clamam pela liberação para o manejo e pela conversão do excedente ao que exige o Código Florestal. A sociedade urbana quer a preservação e sua restauração.

Para a preservação será criada, nos próximos 2 anos, uma bateria de Unidades de Conservação. Só em Floresta de Araucária serão oito, e dessas, apenas uma de uso sustentável. Estão sendo prospectadas as áreas com maior representatividade e áreas melhor conservadas. Convenhamos, neste âmbito, que as desapropriações para instituição de UC's jamais indenizaram os proprietários de forma justa, considerando o valor dos produtos que lá estão. Também pudera, pois só a área do futuro Parque Nacional das Araucárias que deve abranger o sul do Paraná e o norte de Santa Catarina, esvaziaria os cofres públicos da União numa só tacada. Convenhamos ainda que, somente 20% das UC's de nível federal possuem um conselho consultivo (Proteção Integral) ou deliberativo (uso sustentável) formado, conforme exige o sensacional SNUC na implementação dos planos de manejo. Com estas considerações, não se acena grandes perspectivas em curto prazo para nossa lamentada mata, já que uma enxurrada de ações judiciais certamente se acumularão nos tribunais antes de conhecermos qualquer plano de manejo para as áreas. Contudo, acredito no SNUC como uma ótima ferramenta de preservação de áreas com alto valor biológico quando o tiramos do plano das idéias.

Para a restauração, os Órgãos de Meio Ambiente estão com uma verdadeira batata quente nas mãos. As exigências de revegetação e averbação das áreas de Reserva Legal acabam por banalizar ainda mais os famosos Termos de Ajustamento de Conduta (TAC's), pois amontoam-se às pilhas junto a toda burocracia governamental e, em campo, o que se nota é uma insípida brincadeira de plantar árvores nativas, 1/30 da área por ano. E o pior, uma brincadeira completamente descoordenada. Agrava-se a situação com um esquema de CRF (cotas de reserva florestal) que mais parece uma colcha de retalhos, puxando pedacinhos daqui e averbando acolá, sem critérios em favor da conservação dos biomas ou das bacias hidrográficas.

Olhando para o lado dos proprietários rurais que possuem suas reservas nativas ou até excedentes aos mínimos 20% exigidos além das áreas de preservação permanente, as perspectivas de utilização comercial destas áreas se resumem à colheita da erva mate e parcos projetos de manejo de palmito. Conversão para uso não florestais? Nem pensar. Resta-lhes também o turismo ecológico, que requer mão de obra especializada, infra-estrutura arrojada, belos cenários e uma boa vontade de levar prejuízos vez ou outra. Se houvesse, ainda, a possibilidade do turismo de caça, que tem uma força de impulso internacional dezenas de vezes maior que o turismo ecológico, sem comentar os rendimentos. Mas aqui, a caça é crime. Nos países de primeiro mundo, é esporte, e rende anualmente uma pequena fortuna aos proprietários de, também pequenas, florestas na Inglaterra, por exemplo. Neste caso, o interesse em que a floresta se mantenha e melhore a cada ano, é do proprietário e não da sociedade, não dos ambientalistas de carteirinha. Só assim sua pequena fortuna anual estará garantida, e junto com ela sua safra de trigo, canola etc, sem depender dos bancos ingleses.

Ora, se estamos tratando da região com a maior biodiversidade do planeta, o “ Homo sapiens brasilis” mais uma vez atesta sua incompetência no uso dos recursos com os quais fomos privilegiados. A proibição ao aproveitamento destas áreas para o manejo dos infindáveis produtos proporcionados nas florestas, reflete na indisponibilidade de modelos de desenvolvimento que busquem a sustentabilidade com base nesta riqueza natural. Como não se tem modelos, não é possível aprovar nenhum plano de manejo que ofereça padrões mínimos de sustentabilidade e se fecha um círculo vicioso onde todos saem perdendo. A floresta perde por não ser valorizada por quem a detém e a sociedade perde a chance de se redimir da furiosa devastação que empreendeu durante o século XX, tentando, desta vez, achar o caminho certo.

Sabe-se das limitações dos últimos fragmentos em fornecer produtos madeireiros, por exemplo. Mas é exatamente aí em que a oportunidade se escancara em nossa porta. Esta é a chance de nos especializarmos, tirar “leite da pedra”, pois, se fomos tão competentes em plantar espécies de árvores exóticas e faze-las aumentar em média 25% seu incremento em menos de 30 anos, se já experimentamos com a transgenia florestal, de que seremos capazes com as florestas naturais do sul do Brasil em 50 anos? Jamais saberemos sem tentar.

A única saída para a conservação da pobre rica “Mata Atlântica” é o aproveitamento de seus produtos de forma economicamente viável, ambientemente correta, socialmente benéfica, conforme a Carta para o Desenvolvimento Sustentável de 1992. Somente com a valorização dos últimos remanescentes florestais e a implementação de modelos produtivos que tomem em conta tais regras é que vislumbro o Brasil chegar ao final do século XXI com uma área florestal nativa maior do que os níveis atuais na “Mata Atlântica” e ainda, de quebra, ser a referência mundial ao sonhado modelo de desenvolvimento sustentável.
Fonte: Flavio Guiera (31) é Engenheiro Florestal, formado em 1996 pela UFPR. Atualmente coordena os processos de certificação florestal FSC/SmartWood, através do IMAFLORA, para empreendimentos de base florestal plantada.

Fonte: Ambiente Brasil

O Cerrado não morreu



por Lorenzo Aldé

O Cerrado vai desaparecer até 2030. A notícia espalhou-se em alarmantes manchetes na imprensa e, como veio, passou. O sombrio anúncio foi feito em um relatório divulgado em julho pela Conservação Internacional do Brasil, com o título “Estimativas de perda da área do Cerrado brasileiro”.

Mas o estudo - primeiro mapeamento em larga escala de um bioma brasileiro, baseado em imagens de satélite - não empaca no pessimismo. Além de evidenciar a ininterrupta diminuição da cobertura vegetal do Cerrado, num ritmo de 2,2 milhões de hectares a menos por ano, traz informações relevantes sobre a biodiversidade do segundo maior bioma nacional, trata das transformações produtivas que acarretaram a degradação de algumas áreas e pouparam outras, e apresenta sugestões para preservar o que resta e recuperar o que já está comprometido.

Os dados a partir de 1995 não deixam dúvidas: a soja é o maior vilão do atual desmatamento do Cerrado. Em sete anos, a área de cultivo praticamente dobrou de tamanho. Mas os autores do estudo sustentam que o principal problema, quando o assunto é agricultura, são as “políticas públicas conduzidas de forma antagônica”. Explica-se:

Se por um lado o Ministério do Meio Ambiente - MMA trabalha para que o percentual de áreas protegidas no Cerrado aumente para um patamar maior (hoje as unidades de conservação representam 2,2% da área original do Cerrado), o Ministério da Agricultura trabalha com uma perspectiva de utilização de aproximadamente 100 milhões de hectares adicionais para a expansão da agricultura.

Daí a necessidade de um “pacto político” entre ministérios, estados e sociedade para implementar as dez ações remediadoras sugeridas, concentradas em mais recursos, mais áreas protegidas, formação de recursos humanos e investimento na economia local, com ênfase em cultivos originais de cada região.

Para quem não se conforma em adotar o luto com 26 anos de antecedência, vale conhecer a íntegra do relatório Estimativas de perda da área do Cerrado brasileiro.

Pantanal





A CIMA - Comissão Interministerial para Preparação da Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento-SI/PR, 1991, define o Pantanal mato-grossense como “a maior planície de inundação contínua do planeta”. Sua localização geográfica é de particular relevância, uma vez que representa o elo de ligação entre o Cerrado, no Brasil Central, o Chaco, na Bolívia, e a região Amazônica, ao Norte, identificando-se, aproximadamente, com a bacia do alto Paraguai.

O Pantanal funciona como um grande reservatório, provocando uma defasagem de até cinco meses entre as vazões de entrada e saída. O regime de verão determina enchentes entre novembro e março no norte e entre maio e agosto no sul, neste caso sob a influência reguladora do Pantanal.

Os solos, de modo geral, apresentam limitações à lavoura. Nas planícies pantaneiras sobressaem solos inférteis (lateritas) em áreas úmidas (hidromórficas) e planossolos, além de várias outras classes, todos alagáveis, em maior ou menor grau, e de baixa fertilidade. Nos planaltos, embora predominem também solos com diversas limitações à agricultura, sobretudo à fertilidade, topografia ou escassez de água, existem situações favoráveis.

Como área de transição, a região do Pantanal ostenta um mosaico de ecossistemas terrestres, com afinidades, sobretudo, com os Cerrados e, em parte, com a floresta Amazônica, além de ecossistemas aquáticos e semi-aquáticos, interdependentes em maior ou menor grau. Os planaltos e as terras altas da bacia superior são formados por áreas escarpadas e testemunhos de planaltos erodidos, conhecidos localmente como serras. São cobertos por vegetações predominantemente abertas, tais como campos limpos, campos sujos, cerrados e cerradões, determinadas, principalmente, por fatores de solo (edáficos) e climáticos e, também, por florestas úmidas, prolongamentos do ecossistema amazônico.

A planície inundável que forma o Pantanal, propriamente dito, representa uma das mais importantes áreas úmidas da América do Sul. Nesse espaço podem ser reconhecidas planícies de baixa, média e alta inundação, destacando-se os ambientes de inundação fluvial generalizada e prolongada. Esses ambientes, periodicamente inundados, apresentam alta produtividade biológica, grande densidade e diversidade de fauna.

A ocupação da região, de acordo com pesquisas arqueológicas, se deu há, aproximadamente, dez mil anos por grupos indígenas. A adequação de atividades econômicas ao Pantanal surgiu do processo de conquista e aniquilamento dos índios guatós e guaicurus por sertanistas. Foi possível implantar a pecuária na planície inundável, que se tornaria a única economia estável e permanente até os nossos dias. Dentro de um enfoque macroeconômico, a planície representou, no passado, um grande papel no abastecimento de carne para outros estados do país. No entanto, esta economia se encontra em decadência.

Uma série de atividades de impacto direto sobre o Pantanal pode ser observada, como garimpo de ouro e diamantes, caça, pesca, turismo e agropecuária predatória, construção de rodovias e hidrelétricas. Convém frisar a importância das atividades extensivas nos planaltos circundantes como uma das principais fontes de impactos ambientais negativos sobre o Pantanal.

O processo de expansão da fronteira, ocorrido principalmente após 1970, foi a causa fundamental do crescimento demográfico do Centro-Oeste brasileiro. A região da planície pantaneira, com sua estrutura fundiária de grandes propriedades voltadas para a pecuária em suas áreas alagadiças, não se incorporou ao processo de crescimento populacional. Não houve aumento significativo em número ou população das cidades pantaneiras. No planalto, contudo, o padrão de crescimento urbano foi acelerado. Como todas as cidades surgidas ou expandidas nessa época, as de Mato Grosso e Mato Grosso do Sul não tinham e nem têm infra-estrutura adequada para minimizar o impacto ambiental do crescimento acelerado, causado, principalmente, pelo lançamento de esgotos domésticos ou industriais nos cursos d’água da bacia. Esse tipo de poluição repercute diretamente na planície pantaneira, que recebe os sedimentos e resíduos das terras altas.

O mesmo processo de expansão da fronteira foi responsável pelo aproveitamento dos cerrados para a agropecuária, o que causou o desmatamento de vastas áreas do planalto para a implantação de lavouras de soja e arroz, além de pastagens. O manejo agrícola inadequado nessas lavouras resultou, entre outros fatores, em erosão de solos e no aumento significativo de carga de partículas sedimentáveis de vários rios. Além disso, agrava-se o problema de contaminação dos diversos rios com biocidas e fertilizantes.

A presença de ouro e diamantes na baixada cuiabana e nas nascentes dos rios Paraguai e São Lourenço vem atraindo milhares de garimpeiros, cuja atividade causa o assoreamento e compromete a produtividade biológica de córregos e rios, além de contaminá-los com mercúrio.

Segundo a WWF (1999), existem no Pantanal 650 espécies de aves, 80 de mamíferos, 260 de peixes e 50 de répteis.

Glossário geológico

Geografia 1º Ano Professor Jéferson Pitol Righetto: Glossário geológico

Informações Climáticas

Informações Climáticas: "Massas de ar no Brasil

As massas de ar são porções individualizadas do ar atmosférico que trazem em suas características e propriedades, as condições gerais do tempo dos locais onde se formam. O deslocamento das massas são provocados pela diferença de pressão e temperatura entre as diversas áreas da superfície. Portanto, as massas de ar estão geralmente associadas a sistemas de baixa e alta pressão. As áreas de baixa pressão são receptoras de ventos e com grande instabilidade atmosférica caracterizada por grande nebulosidade e precipitação elevada. Já as áreas de alta pressão tendem a ter menores temperatura e são dispersoras de ventos, portanto tem em sua característica não ter nebulosidade e possuir estabilidade atmosférica."

27.7.06

Biomas

ambientebrasil - portal ambiental: "Biomas

Caatinga, Floresta Atlântica, Ecossistemas Costeiros, Campos Sulinos são apenas alguns dos biomas contidos neste nicho do Ambientebrasil.

Contendo informações sobre os relacionamentos existentes em cada um dos conjuntos de fauna e flora, microorganismos e fatores ambientais, metereológicos e geológicos encontrados no País, o nicho biomas é um aliado para quem quer conhecer um pouco mais a biodiversidade brasileira."

Floresta Amazônica

Floresta Amazônica

Mata Atlântica

Mata Atlântica

Patrimônio de Reserva Natural da Humanidade (UNESCO)




Localização

A Floresta Atlântica, com cerca de 1,5 milhão de km², estende-se praticamente por todo o litoral brasileiro, atingindo 13 estados. Corresponde a um dos ecossistemas mais ameaçados no mundo.

Classificação da Vegetação Brasileira


Conceituação Fitográfica Brasileira (IBGE, 1992)


A vegetação do Brasil, compreendida na Zona Neotropical, pode ser dividida, segundo o aspecto geográfico em dois territórios: o amazônico e o extra-amazônico.

No território Amazônico (área ombrófila), o sistema ecológico vegetal responde a um clima de temperatura média em torno de 25ºC e de chuvas torrenciais bem distribuídas durante o ano, sem déficit hídrico mensal no balanço ombrotérmico anual. No território extra-amazônico (área ombrófila e estacional), o sistema ecológico responde a dois climas - um tropical com temperaturas médias em torno de 22ºC e precipitações atmosféricas marcadas por um déficit hídrico, superior a 60 dias no balanço ombrotérmico anual, e um subtropical, com temperaturas suaves no inverno, que amenizam a média anual situada em torno de 18ºC. As chuvas são moderadas e bem distribuídas durante o ano, não ocorrendo, por isso, déficit hídrico mensal no balanço ombrotérmico anual. Contudo, há uma fase de dormência vegetativa, provocada pelas baixas temperaturas dos meses mais frios do ano.

Em cada uma dessas áreas climáticas, deu-se, através do tempo, uma adaptação da forma e do comportamento das plantas às características da estação desfavorável, seja seca ou fria ou ambas simultaneamente.

As plantas brasileiras apresentam-se em todas as formas de vida, conforme a posição e proteção dos órgãos de crescimento em relação aos períodos climáticos, pois o País localiza-se entre 5º de latitude N e 32º de latitude S, com altitudes que vão do nível do mar a mais de 3000 m. Em conseqüência, apresenta condições ecológicas variadíssimas, desde o ambiente equatorial ao temperado do Planalto Meridional, onde chegam a ocorrer nevascas nos pontos mais altos da sua porção sul.

Distribuição da Flora Neotropical Brasileira (IBGE, 1992)

Este estudo fitoecológico foi alicerçado em dois princípios da lógica científica - a deriva das placas continentais e a evolução monofilética dos seres vivos. A hipótese da deriva das placas continentais foi inicialmente atribuída a Weneger, na década de 20, para o período Permocarbonífero e somente foi novamente aceita, sem restrições, após os trabalhos publicados na revista American Geographic, nas décadas de 60 e 70.

Esta reunião de estudos geofísicos e paleontológicos comprovou a existência de dois eventos tectônicos de movimentos de placas. O primeiro corresponde à separação do grande continente da Pangéia, circundado pelo mar de Tetys, em dois continentes menores - o Gondwânia, no hemisfério Sul e o Laurásia no hemisfério Norte. O segundo corresponde ao movimento das atuais plataformas continentais que vem se realizando desde o fim do Período Cretáceo até os nossos dias.

Embora tais eventos paleogeográficos continuem ainda sendo debatidos, o que não mais se discute é a origem monofilética dos seres vivos, pois a evolução das plantas teve, como a dos animais, um tronco biológico único que se dividiu através do tempo.

A vegetação brasileira recebeu, antes da deriva das placas continentais, o concurso de plantas pantropicais que, após este evento, formaram endemismos em famílias, gêneros e espécies, constituindo, assim, os Domínios Florísticos e as Regiões da Zona Neotropical.



Classificações Brasileiras (Veloso et alii, 1991)



Classificação de Martius


A história da Fitogeografia Brasileira iniciou-se com a classificação de Martius em 1824, que usou nomes de divindades gregas para sua divisão botânica. Esta classificação continua até hoje, após tantos anos de tentativas de novas classificações, sem uma definição de aceitação dentro do consenso geográfico brasileiro.

O mapa fitogeográfico de Martius foi anexado por Gisebach no volume XXI da Flora Brasiliensis em 1858 e nele há cinco regiões florísticas:

1.Nayades (flora amazônica)

2.Hamadryades (flora nordestina)

3.Oreades (flora centro-oeste)

4.Dryades (flora da costa atlântica)

5.Napeias (flora subtropical)

Esta divisão florística permanece, pois, além de apresentar ligações filogenéticas bastante confiáveis, foi baseada em coletas botânicas classificadas pelos maiores especialistas da época (VELOSO et alii, 1991).




Classificação de Gonzaga de Campos


Passaram-se 102 anos até aparecer nova classificação fitogeográfica brasileira, que foi a de Gonzaga de Campos (1926), não mais florística, mas sim fisionômico-estrutural.

I - Florestas Floresta Equatorial

a) das várzeas

b) das terras firmes

Floresta Atlântica

a) das encostas

b) dos pinheiros

Floresta pluvial do interior

a) savana

b) cerradão

Matas ciliares
Capoeiras e Capoeirões
II - Campos Pastos
Campinas
Campos do Sul

a) limpos

b) sujos

Campos Cerrados
Campos alpinos
III - Caatingas





Classificação de Alberto J. Sampaio


O botânico Alberto J. Sampaio (1940) divide a vegetação brasileira em Flora Amazônica ou Hylae Brasileira e Flora Geral ou Extra Amazônica. Retoma, do seguinte modo, o conceito florístico para uma classificação fitogeográfica.

I - Flora Amazônica ou Hylae brasileira

do Alto rio Amazonas

do Baixo rio Amazonas

II - Flora Geral ou Extra - Amazônica

Zona dos Cocais

Zona das Caatingas

Zona das Matas Costeiras

Zona dos campos

Zona dos Pinhais

Zona Marítima


Classificação de Lindalvo Bezerra dos Santos

Lindalvo Bezerra dos Santos, em 1943, apresentou uma divisão fitogeográfica puramente fisionômica, acompanhada de terminologia regionalista. Pode-se, assim, considerar esta classificação como a primeira baseada no caráter fisionômico das formações vegetais, segundo o conceito de Grisebach (Veloso et alii, 1991).

I - Formações florestais ou arbóreas

Floresta amazônica ou hylae brasileira

Mata Atlântica

Mata dos Pinhais ou Floresta Araucária

Mata do Rio Paraná

Babaçuais ou Cocais de Babaçu

Mata de Galeria

II - Formações arbustivas e herbáceas

Caatinga

Cerrado

Campos gerais

Campinas ou Campos limpos

III - Formações complexas

Formação do Pantanal

Formações litorâneas




Classificação de Aroldo de Azevedo


Aroldo de Azevedo (1950) usou, em São Paulo, a mesma classificação de L. B. dos Santos, geógrafo do IBGE no Rio de janeiro, como se vê a seguir:

A - Formações florestais ou arbóreas

I - Floresta amazônica ou Hylae brasileira

II - Mata Atlântica

III - Mata do Rio Paraná

IV - Mata dos Pinhais ou Floresta Araucária

V - Mata de Galeria

VI - Babaçuais

B- Formações arbustivas e herbáceas

I - Caatinga

II - Cerrado

III - Campos gerais

IV - Campinas ou campos limpos

C- Formações complexas

I - Formação do Pantanal

II - Formações litorâneas



Classificação de Edgar Kuhlmamn


Em 1960, Edgar Kuhlmamn apresentou nova divisão fitogeográfica brasileira, baseando-se em conceitos climatoestruturais e terminológicos regionais, retornando, assim, a uma divisão de tipos estruturais.


I - Tipos arbóreos

A - Floresta trópico equatorial

B - Floresta semidecídua tropical

C - Floresta de araucária

D - Manguezal

II - Tipo herbáceo

E - Campo limpo

III - Tipos arbóreo-herbáceos ou intermediários

F - Cerrado

G - Caatinga

H - Complexo do Pantanal

I - Praias e dunas




Classificação de Andrade-Lima e Veloso


Andrade-Lima (1966) e Veloso (1966), o primeiro no Atlas Geográfico do IBGE e o segundo no Atlas Florestal do Brasil (Serviço de Informação agrícola – SIA), usaram um novo sistema de classificação da vegetação brasileira. Voltaram a empregar o termo formação para dividir os grupos maiores de vegetação e uma terminologia estrutural ecológica nas subdivisões florestais, seguida da terminologia regionalista para as subdivisões não-florestais (Veloso et alii, 1991):


A - Formações florestais

I - Floresta pluvial tropical

II - Floresta estacional tropical

III - Floresta caducifólia tropical

IV - Floresta subtropical

B - Formações não- florestais

I - Caatinga

II - Cerrado

III - Campo

C - Formações edáficas




Classificação do Projeto RADAM


Na década de 70, o grupo do projeto RADAM, encarregado de equacionar o mapeamento da vegetação amazônica e parte da nordestina, criou uma escola fitogeográfica baseada em Ellemberg e Mueller-Dombois. Ao longo de dez anos, as várias tentativas de classificação da vegetação brasileira sofreram alterações que culminaram com a apresentação da "Classificação fisionômica-ecológica das formações neotropicais" (Veloso e Góes-Filho, 1982), por Veloso et alii (1991).

1 - Região Ecológica da Savana Arbórea densa
Arbórea aberta
Parque
Gramíneo-lenhosa
2 - Região Ecológica da Estepe (Caatinga e Campanha Gaúcha) Arbórea densa
Arbórea aberta
Parque
Gramíneo-lenhosa
3 - Região Ecológica da Savana estéoica (vegetação de Roraima, Chaquenha e parte da Campanha Gaúcha) Arbórea densa
Arbórea aberta
Parque
Gramíneo-lenhosa
4 - Região Ecológica da Vegetação Lenhosa Oligotrófica Pantanosa (Campinarana) Arbórea densa
Arbórea aberta
Gramíneo-lenhosa
5 - Região Ecológica da Floresta Ombrófila Densa (Floresta Pluvial Tropical) Aluvial
Das Terras Baixas
Submontana
Montana
Alto-montana
6 - Região Ecológica da Floresta Ombrófila Aberta (4 faces da floresta densa) Das Terras Baixas
Submontana
Montana
7 - Região Ecológica da Floresta Ombrófila Mista (Floresta das Araucárias) Aluvial
Submontana
Montana
Alto-montana
8 - Região Ecológica da Floresta Estacional Semidecidual (Floresta subcaducifólia) Aluvial
Das Terras Baixas
Submontana
Montana
9 -Região Ecológica da Floresta Estacional Decidual (Floresta caducifólia) Aluvial
Das Terras Baixas
Submontana
Montana
10 - Áreas das Formações Pioneiras com influência marinha
influência fluvio-marinha
influência fluvial
11 - Áreas de Tensão Ecológica (contato entre regiões) com misturas florísticas (ecótono)
com encraves florísticos (encrave)
12 - Refúgios Ecológicos
13 - Disjunções Ecológicas

Classificação de Rizzini


Em 1963, o botânico Rizzini, naturalista do Jardim Botânico do Rio de Janeiro, apresentou a seguinte classificação (Veloso et alii, 1991):

  • Floresta Amazônica

  • Floresta Atlântica

  • Complexo do Brasil Central

  • Complexo da Caatinga

  • Complexo do Meio norte

  • Complexo do Pantanal

  • Complexo da Restinga

  • Complexo do Pinheiral

  • Campos do Alto Rio Branco

  • Campos da Planície Rio-grandense

Posteriormente, em 1979, Rizzini, usando o caráter fisionômico das formações, classificou a vegetação brasileira do seguinte modo:

I - Matas ou Florestas
Floresta paludosa amazônica
litorânea
austral
marítima
Floresta pluvial amazônica
esclerófila
montana
baixo-montana
dos tabuleiros
de araucária
ripária ou em manchas
Floresta estacional mesófila perenifolia
mesófila semidecídua
de Orbignya (babaçu)
mesófila decídua
mesófila esclerófila
xerófila decídua
Thicket (scrub) lenhoso-atlântico
esclerófilo-amazônico
esclerófilo
lenhoso-espinhoso
suculento
em moitas
Savana central
litorâneo
II - Campo ou grassland
Limpo de quartzito
Limpo de canga
Gerais
Pampas
Alto-montano
do alto Rio Branco





Classificação de George Eiten


George Eiten, da Universidade de Brasília, em 1983, desconheceu a proposta elaborada pelo RADAM BRASIL e apresentou uma nova classificação da vegetação brasileira. A classificação deste fitogeográfo contém 24 itens principais, subdivididos de modo regionalista e muito detalhado, impossíveis de serem utilizados em mapeamento de detalhe (Veloso et alii, 1991).

I - Floresta Tropical Perenifólia de várzea estacional
de várzea de estuário
pantanosa
nebulosa
de terra firme
latifoliada perenifólia
II - Floresta Tropical Caducifólia mesofítica latifoliada semidecídua
mesofítica latifoliada semidecídua e de babaçu
mesofítica latifoliada decídua
III. Floresta Subtropical Perenifólia de araucária
latifoliada perenifólia com emergentes de araucária
de podocarpus
latifoliada perenifólia
arvoredo subtropical de araucária
savana subtropical de araucária
IV. Cerrado cerradão
cerrado
campo cerrado
campo sujo de cerrado
campo limpo de cerrado
V. Caatinga florestal
de arvoredo
arbóreo-arbustiva fechada
arbóreo-arbustiva aberta
arbustiva aberta
arbustiva fechada
savânica
savânica lajeada
VI. Pradaria Subtropical
VII. Caatinga amazônica arbórea
arbustiva fechada
arbustiva aberta
savânica
campestre
VIII. Campo rupestre
IX. Campo Montano arbórea
arbustiva fechada
arbustiva aberta
savânica
campestre
XI - Campo praiano
XII - Manguezal arbóreo
arbustivo
XIII - Vereda
XIV - Palmeiral
XV - Chaco
XVI - Campo litossólico
XVII - Brejo estacional
XVIII - Campo de murunduns
XIX - Pantanal
XX - Campo e savana amazônicos
XXI - Bambuzal
XXII - Brejo permanente (de água doce, salobra ou salgada)
XXIII - Vegetação aquática
XXIV - Vegetação de afloramentos de rocha
http://www.ambientebrasil.com.br/composer.php3?base=./natural/index.html&conteudo=./natural/classificacao.html

Recursos Hídricos Brasileiros

Recursos Hídricos



Água

A água pura (H2O) é um líquido formado por móleculas de hidrogênio e oxigênio. Na natureza, ela é composta por gases como oxigênio, dióxido de carbono e nitrogênio, dissolvidos entre as moléculas de água. Também fazem parte desta solução líquida sais, como nitratos, cloretos e carbonatos; elementos sólidos, poeira e areia podem ser carregados em suspensão. Outras substâncias químicas dão cor e gosto à agua. Ions podem causar uma reação químicamente alcalina ou ácida. As temperaturas apresentam variação de acordo com a profundidade e com o local onde a água é encontrada, constituindo-se em fatores que influenciam no comportamento químico.

Subentende-se água como sendo um elemento da natureza, recurso renovável, encontrado em três estados físicos: sólido (gelo), gasoso (vapor) e líquido.

As águas utilizadas para consumo humano e para as atividades sócio-econômicas são retiradas de rios, lagos, represas e aqüíferos, também conhecidos como águas interiores.


Classificação Mundial das Águas
Água doce com apresentação de teor de sólidos totais dissolvidos (STD) inferior a 1.000 mg/l.
Salobras com STD entre 1.000 e 10.000 mg/l.
Salgadas com mais 10.000 mg/l

Origem geológica e biológica

A vida surgiu no planeta há mais ou menos 3,5 bilhões de anos. Desde então, a biosfera modifica o ambiente para uma melhor adaptação. Em função das condições de temperatura e pressão que passaram a ocorrer na Terra, houve um acúmulo de água em sua superfície, nos estados líquido e sólido, formando-se assim o ciclo hidrológico.

Os continentes representam a litosfera; a água existente na Terra forma a hidrosfera; cada um dos pólos (Ártico e Antártico) e os cumes das montanhas mais altas apresentam um cobertura de gelo e neve denominada criosfera; a massa de ar que cobre a Terra é chamada de atmosfera, e a vida existente no planeta forma a biosfera.

O oxigênio tem por propriedade ser reativo, ou seja, unir-se a quase todos os outros tipos de átomos: o hidrogênio, o carbono e um grande número de metais e metalóides. Em conseqüência a este fato, quando a Terra se formou, não havia oxigênio livre na atmosfera primitiva, mas somente óxidos voláteis, como gás carbônico, água e outros compostos de hidrogênio, como metano e amoníaco.



Volume de água

A quantidade total de água na Terra é distribuída da seguinte maneira:

  • 97,5% de oceanos e mares;
  • 2,5 de água doce;
  • 68,9% (da quantidade geral de água doce) formam as calotas polares, geleiras e neves eternas que cobrem os cumes das montanhas altas da Terra;
  • 29,9% restantes de água doce constituem as águas subterrâneas
  • 0,9% respondem pela umidade do solo e pela água dos pântanos

Características da água

A caracterização da água começa a se compor ainda em seu trajeto atmosférico. As partículas sólidas e os gases atmosféricos de várias origens são dissolvidos pelas águas que caem sobre a superfície da Terra em forma de chuva, neblina ou neve.

Contudo, muitas destas características são alteradas mesmo que inconscientemente pelo homem. O uso intensivo de insumos químicos na agricultura, a poluição gerada pelas indústrias e pelos grandes centros urbanos concentram alguns gases na água das chuvas, resultando na chamada chuva ácida, causadora de danos ao ambiente natural e antrópico. Isso ocasiona também a escassez de água para consumo, fazendo com que os aspectos qualitativos da água sejam cada vez mais preocupantes nas regiões muito povoadas.

As fontes hídricas são abundantes, porém mal distribuídas na superfície do planeta. Em algumas áreas, as retiradas são bem maiores que a oferta, causando um desequilíbrio nos recursos hídricos disponíveis. Essa situação tem acarretado uma limitação em termos de desenvolvimento para algumas regiões, restringindo o atendimento às necessidades humanas e degradando ecossistemas aquáticos. Os recursos hídricos são de fundamental importância no desenvolvimentno de diversas atividades econômicas. A água pode representar até 90% da composição física das plantas; a falta de água pode destruir lavouras.

Na indústria, as quantidades de água necessárias são superiores ao volume produzido. A utilização de métodos para o tratamento da água é viável; porém, podem produzir problemas cujas soluções são difíceis, pois que afetam a qualidade do meio ambiente, a saúde pública e outros serviços. Por sua vez, as águas das bacias hidrográficas não são confiáveis e recomendáveis para o consumo da população por não possuírem as características padrões de qualidade ambiental.

As fontes hídricas são abundantes porém, mal distribuídas na superfície do planeta. Em algumas áreas, as retiradas são bem maiores que a oferta, causando um desequilíbrio nos recursos hídricos disponíveis. Essa situação tem acarretado uma limitação em termos de desenvolvimento para algumas regiões, restringindo o atendimento às necessidades humanas e degradando ecossistemas aquáticos. Os recursos hídricos são de fundamental importância no desenvolvimentno de diversas atividades econômicas. A água pode representar até 90% da composição física das plantas; a falta de água pode destruir lavouras; na indústria as quantidades de água necessárias são superiores ao volume produzido.



Água no Brasil

A interação do quadro climático com os aspectos geológicos dominam os excedentes hídricos que alimentam uma das mais extensas e densas redes de rios perenes do mundo.

Em três grandes unidades hidrográficas: Amazonas, São Francisco e Paraná estão concentrados cerca de 80% da produção hídrica do país. Estas bacias cobrem cerca de 72% do território brasileiro, dando-se destaque à Bacia Amazônica, que possui cerca de 57% da superfície do País.

Embora tamanha quantidade de água doce, há um grave problema de abastecimento no País, que é devido ao crescimento das localidades e à degradação da qualidade da água. O baixo nível tecnológico-organizacional está em condições primárias de uso, recebendo a contribuição da ocupação rural, que aumenta o desmatamento das bacias hidrográficas. O grande desenvolvimento dos processos erosivos do solo faz com que haja um empobrecimento de pastagens nativas e redução das reservas de águas do solo, assim produzindo a queda da produtividade natural.

O conhecimento das variações de tempo, espaço das chuvas, descargas dos rios, de fatores ambientais, sócio-culturais, condições de uso e conservação dos seus recursos naturais permitem planejar, evitar ou atenuar os efeitos do excesso ou da falta de água.

O Brasil possui a maior disponibilidade hídrica do planeta, ou seja, 13,8% do deflúvio médio mundial.


Regiões
Oferta (Deflúvio médio) -1998
Consumo
Total (Km3/ano)
Per capita (m3/hab/ano)
Total (Km3/ano)
Per capita (m3/hab/ano)
África
3 996
5 133.05
145.14
202
América do Norte
5 308.60
17 458.02
512.43
1798
América Central
1 056.67
8 084.08
96.01
916
América do Sul
10 080.91
30 374.34
106.21
335
Brasil
5 744.91
30 374.34
36.47
246
Ásia
13 206.74
3 679.91
1633.85
542
Europa
6 234.56
8 547.91
455.29
625
Oceania
1 614.25
54 794.64
16.73
591
Mundo
41 497.73
6 998.12
3240
645

Fonte: WRI, 1998c e ANEEL, 1999.


Hidrografia do Brasil

A rede hidrográfica brasileira é constituída por rios navegados em corrente livre e por hidrovias geradas pela canalização de trechos de rios, além de extensos lagos isolados, criados pela construção de barragens para fins exclusivos de geração hidrelétrica.

Alguns dos rios da Amazônia e do Centro-Oeste foram melhorados pela dragagem de seus baixios, mas a maioria dos rios navegáveis destas regiões são naturais. Nas regiões Sudeste e Sul, vários rios foram canalizados, o que permitiu o aumento da capacidade de tráfego dessas hidrovias e da confiabilidade do transporte fluvial.

A rede hidrográfica brasileira tem elevadas condições de umidade na maior parte do território nacional, sendo considerada como a mais densa do planeta.

Algumas características da hidrografia do Brasil

  • Rica em rios, mas pobres em lagos.
  • O regime de alimentação dos rios brasileiros é pluvial, não se registrando a ocorrência de regimes nival ou glacial, sendo apenas o Rio Amazonas um dependente do derretimento da neve da Cordilheira do Andes, mas a sua alimentação provém basicamente de chuvas. O período das cheias dos rios brasileiros é no verão, com algumas exceções no litoral do nordeste.
  • Grande parte desses rios é perene; apenas alguns que nascem no sertão nordestino são intermitentes.
  • O destino dos rios brasileiros é exorréico, ou seja, desagua no mar. Devido ás elevadas altitudes na porção ocidental da América do Sul, os rios brasileiros vão todos desaguar no Oceano Atlântico. Mesmo os que correm para oeste fazem a curva ou desaguam em outro rio que irá em direção ao oceano.
  • Na produção de energia elétrica, o uso dos rios é muito grande. Aproximadamente cerca de 90% da eletricidade brasileira provém dos rios. Seu potencial hidráulico vem de quedas d’água e corredeiras, dificultando a navegabilidade desses mesmos rios. Na construção da maioria das usinas hidrelétricas, não foi levado em conta a possibilidade futura de navegação, dificultando o transporte hidroviário.

Bacias Hidrográficas

É a área ocupada por um rio principal e todos os seus tributários, cujos limites constituem as vertentes, que por sua vez limitam outras bacias. No Brasil, a predominância do clima úmido propicia uma rede hidrográfica numerosa e formada por rios com grande volume de água.

As bacias hidrográficas brasileiras são formadas a partir de três grandes divisores:

  • Planalto Brasileiro
  • Planalto das Guianas
  • Cordilheira dos Andes

Ressaltam-se oito grandes bacias hidrográficas existentes no território brasileiro; a do Rio Amazonas, do Rio Tocantins, do Atlântico Sul, trechos Norte e Nordeste, do Rio São Francisco, as do Atlântico Sul, trecho leste, a do Rio Paraná, a do Rio Paraguai e as do Atlântico Sul, trecho Sudeste.


Bacias Hidrográficas Brasileiras


Bacia Hidrográfica Área (103Km2) % População Vazão (m3/s) Disponibilidade Hídrica (Km3/ano)
Em 1996 %
Amazonas
3900
45,8
6.687.893
4,3
133.380
4.206,27
Tocantins
757
8,9
3.503.365
2,2
11.800
372,12
Atlântico Norte
76
0,9
406.324
0,3
3.660
115,42
Atlântico Nordeste
953
11,2
30.846.744
19,6
5.390
169,98
São Francisco
634
7,4
11.734.966
7,5
2.850
89,98
Atlântico Leste 1
242
2,8
11.681.868
7,4
680
21,44
Atlântico Leste 2
303
3,6
24.198.545
15,4
3.670
115,74
Paraguai
368
4,3
1.820.569
1,2
1.290
40,68
Paraná
877
10,3
49.294.540
31,8
11.000
346,90
Uruguai
178
2,1
3.837.972
2,4
4.150
130,87
Atlântico Sudeste
224
2,6
12.427.377
7,9
4.300
135,60
Brasil
8512
100
157.070.163
100
182.170
5.744,91

Fonte:Superintendência de Estudos e Informações Hidrológicas – ANEEL;
População – IBGE, 1998
Dados referentes à área situada em territórios brasileiro.



Bacia Amazônica

É a maior superfície drenada do mundo. O Rio Amazonas, dependendo da nascente, é considerado o segundo (6.557 Km) ou o primeiro rio mais extenso do mundo. É o rio de maior vazão de água (100.000 m3/s), depositando aproximadamente 15% dos débitos fluviais totais do mundo. Possui uma largura média de 4 a 5 Km, podendo atingir mais de 10 Km em alguns pontos. Nasce na planície de La Raya, no Peru, com o nome de Vilcanota, desce as montanhas, recebendo os nomes de Ucaiali, Urubanda e Marañón. No território brasileiro, recebe o nome de Solimões e, a partir da confluência com o Rio Negro, próximo a Manaus, é chamado de Amazonas. Dos seus mais de 7 mil afluentes, os principais são: Negro, Trombetas e Jari (margem esquerda); Madeira, Xingu e Tapajós (margem direita).

A Bacia Amazônica possui cerca de 23.000 Km navegáveis, podendo atingir a Bacia Platina, a Bacia de São Francisco, a Bacia do Orenoco, na Venezuela, e o Rio Madalena, na Colômbia. Hoje, a travessia dessas e de outras passagens naturais ainda é difícil, mas vislumbra-se o dia em que será possível atravessar praticamente todo o continente sul americano.

A pesca fluvial apresenta um enorme potencial ainda pouco explorado. Sabe-se da existência de inúmeras espécies de peixes com aproveitamento econômico viável.



Bacia do Tocantins

Com 803.250 Km² de área ocupada, é a maior bacia em território nacional. O principal rio é o Tocantins, que nasce em GO, nas confluências dos Rios Maranón e Paraná, desaguando na foz do Rio Amazonas. É aproveitado pela Usina Hidrelétrica de Tucuruí, PA.



Bacia do Paraná

Pertence a uma bacia maior, não estando totalmente em território brasileiro, banhando também a Argentina e o Paraguai. No Brasil ocupa 10,1% da área do país. O Rio Paraná nasce da união dos Rios Paranaíba e Grande, na divisa MS/MG/SP; possui o maior potencial hidrelétrico instalado no país, com destaque para a Usina Binacional de Itaipu, fronteira com o Paraguai. Os principais afluentes do Rio Paraná estão na margem esquerda: Tietê, Paranapanema e Iguaçu. Na margem direita, recebe como principais afluentes os Rios Suruí, Verde e Pardo.

Além do potencial hidrelétrico, a Bacia do Paraná é utilizada para navegação, em trechos que estarão interligados no futuro com a construção de canais e eclusas.



Bacia do Uruguai

É formada pela união dos Rios Canoas e Pelotas, correndo em direção oeste, nas divisas dos estados de SC e RS, e em direção ao Sul, na fronteira do Rio Grande do Sul com Argentina. Os principais afluentes são os Rios do Peixe, Chapecó, Ijuí e Turvo.

Tanto para a navegação como para hidrelétrica, a utilização é pequena em função da irregularidade da sua vazão e topografia do terreno.



Bacia do São Francisco

Nasce em MG, na Serra da Canastra, a mais de 1000m de altitude, atravessa o Estado da Bahia e banha as divisas dos Estados de Pernambuco, Alagoas e Sergipe, uma região basicamente semi-árida.

É um rio de planalto; todavia, possui cerca de 2.000 Km navegáveis. Possui bom potencial hidrelétrico e nele está situado a Usina de Paulo Afonso, BA. Atualmente suas águas estão sendo desviadas para irrigação.



Bacia do Norte – Nordeste

Por onde correm os rios do Meio – Norte do país (Maranhão e Piauí), tais como o Paranaíba, o Gurupi, Pindaré, Mearim e Itapicuru. Integrante também dessa bacia os rios intermitentes ou temporários do sertão nordestino: o Jaguaribe, Acaraú, Apodi, Piranhas, Capibaribe, e outros.



Bacia do Leste

É formada principalmente pelos Rios Jequitinhonha, Doce, Itapicuru e Paraíba do Sul.



Bacia do Sudeste – Sul

Entrecortada pelos Rios Ribeira do Iguape, Itajaí, Tubarão e Jacuí (que se denomina Guaíba em Porto Alegre).



Hidrovias no Brasil

Hoje, a navegação fluvial no Brasil está numa posição inferior em relação aos outros sistemas de transportes. É o sistema de menor participação no transporte de mercadoria no Brasil. Isto ocorre devido a vários fatores. Muitos rios do Brasil são de planalto, por exemplo, apresentando-se encachoeirados, portanto, dificultam a navegação. É o caso dos rios Tietê, Paraná, Grande, São Francisco e outros. Outro motivo são os rios de planície facilmente navegáveis (Amazonas e Paraguai), os quais encontram-se afastados dos grandes centros econômicos do Brasil.

Nos últimos anos têm sido realizadas várias obras, com o intuito de tornar os rios brasileiros navegáveis. Eclusas são construídas para superar as diferenças de nível das águas nas barragens das usinas hidrelétricas. É o caso da eclusa de Barra Bonita no rio Tietê e da eclusa de Jupiá no rio Paraná, já prontas.

Existe também um projeto de ligação da Bacia Amazônica à Bacia do Paraná. É a hidrovia de Contorno, que permitirá a ligação da região Norte do Brasil às regiões Centro-Oeste, Sudeste e Sul, caso implantado. O seu significado econômico e social é de grande importância, pois permitirá um transporte de baixo custo.

O Porto de Manaus, situado à margem esquerda do rio Negro, é o porto fluvial de maior movimento do Brasil e com melhor infra-estrutura. Outro porto fluvial relevante é o de Corumbá, no rio Paraguai, por onde é escoado o minério de manganês extraído de uma área próxima da cidade de Corumbá.



Transporte Hidroviário

O Brasil tem mais de 4 mil quilômetros de costa atlântica navegável e milhares de quilômetros de rios. Apesar de boa parte dos rios navegáveis estarem na Amazônia, o transporte nessa região não tem grande importância econômica, por não haver nessa parte do País mercados produtores e consumidores de peso.

Os trechos hidroviários mais importantes, do ponto de vista econômico, encontram-se no Sudeste e no Sul do País. O pleno aproveitamento de outras vias navegáveis dependem da construção de eclusas, pequenas obras de dragagem e, principalmente, de portos que possibilitem a integração intermodal. Entre as principais hidrovias brasileiras, destacam-se duas: Hidrovia Tietê-Paraná e a Hidrovia Taguari -Guaíba.



Principais hidrovias

Hidrovia Araguaia-Tocantins

A Bacia do Tocantins é a maior bacia localizada inteiramente no Brasil. Durante as cheias, seu principal rio, o Tocantins, é navegável numa extensão de 1.900 km, entre as cidades de Belém, no Pará, e Peixes, em Goiás, e seu potencial hidrelétrico é parcialmente aproveitado na Usina de Tucuruí, no Pará. O Araguaia cruza o Estado de Tocantins de norte a sul e é navegável num trecho de 1.100 km. A construção da Hidrovia Araguaia-Tocantins visa criar um corredor de transporte intermodal na região Norte.



Hidrovia São Francisco

Entre a Serra da Canastra, onde nasce, em Minas Gerais, e sua foz, na divisa de Sergipe e Alagoas, o "Velho Chico", como é conhecido o maior rio situado inteiramente em território brasileiro, é o grande fornecedor de água da região semi-árida do Nordeste. Seu principal trecho navegável situa-se entre as cidades de Pirapora, em Minas Gerais, e Juazeiro, na Bahia, num trecho de 1.300 quilômetros. Nele estão instaladas as usinas hidrelétricas de Paulo Afonso e Sobradinho, na Bahia; Moxotó, em Alagoas; e Três Marias, em Minas Gerais. Os principais projetos em execução ao longo do rio visam melhorar a navegabilidade e permitir a navegação noturna.



Hidrovia da Madeira

O rio Madeira é um dos principais afluentes da margem direita do Amazonas. A hidrovia, com as novas obras realizadas para permitir a navegação noturna, está em operação desde abril de 1997. As obras ainda em andamento visam baratear o escoamento de grãos no Norte e no Centro-oeste.



Hidrovia Tietê-Paraná

Esta via possui enorme importância econômica por permitir o transporte de grãos e outras mercadorias de três estados: Mato Grosso do Sul, Paraná e São Paulo. Ela possui 1.250 quilômetros navegáveis, sendo 450 no rio Tietê, em São Paulo, e 800 no rio Paraná, na divisa de São Paulo com o Mato Grosso do Sul e na fronteira do Paraná com o Paraguai e a Argentina. Para operacionalizar esses 1.250 quilômetros, há necessidade de conclusão de eclusa na represa de Jupiá para que os dois trechos se conectem.



Taguari-Guaíba

Com 686 quilômetros de extensão, no Rio Grande do Sul, esta é a principal hidrovia brasileira em termos de carga transportada. É operada por uma frota de 72 embarcações, que podem movimentar um total de 130 mil toneladas. Os principais produtos transportados na hidrovia são grãos e óleos. Uma de suas importantes características é ser bem servida de terminais intermodais, o que facilita o transbordo das cargas. No que diz respeito ao tráfego, outras hidrovias possuem mais importância local, principalmente no transporte de passageiros e no abastecimento de localidades ribeirinhas.

Mapa: Administrações Hidroviárias no Brasil




Hidrelétricas no Brasil

A Rede Hidrometeorológica Nacional, conforme dados da Agência Nacional de Energia Elétrica – ANEEL, é composta hoje por 5.138 estações, das quais 2.234 pluviométricas, 1.874 fluviométricas e 1.030 de outros tipos, como sedimentométricas, telemétricas, de qualidade das águas, evaporimétricas e climatológicas.

A energia elétrica atende a cerca de 92% dos domicílios no país. A produção de energia é realizada por usinas hidrelétricas e termoelétricas, sendo que as usinas hidrelétricas respondem, por cerca de 97% da energia elétrica gerada.

Principais hidrelétricas do Brasil:

Usina
Localização
Capacidade (MW)
REGIÃO NORTE
Tucuruí Rio Tocantins

3.980

Balbina Rio Uatumã

250

REGIÃO NORDESTE
Paulo Afonso Rio São Francisco

2.460

Sobradinho Rio São Francisco

1.050

Moxotó Rio São Francisco

439,2

Itaparica Rio São Francisco

1.500

Xingó Rio São Francisco

3000

REGIÃO SUDESTE
São Simão Rio Paranaíba

1.715

Nova Ponte Rio Araguari

510

Água Vermelha Rio Grande

1.380

Três Irmãos Rio Tietê

808

Emborcação Rio Paranaíba

1.192

Ilha Solteira Rio Paraná

3.230

Porto Primavera Rio Paraná

1.854

Jaguara Rio Grande

425,6

Três Marias Rio São Francisco

387,6

REGIÃO SUL

Foz do Areia

Rio Iguaçu

2.511

Capivara

Rio Paranapanema

640

Itaipu

Rio Paraná

12.600

Parigot de Souza

Rio Capivari

246,96

Itaúba

Rio Jacuí

625

Salto Osório

Rio Iguaçu

1.050

REGIÃO CENTRO-OESTE

Ilha Solteira

Rio Paraná

3.230

Itumbiara

Rio Paranaiba

2.080

Jupiá

Rio Paraná

1.411,2

Fonte: CEMIG

Águas Subterrâneas

A utilização das águas subterrâneas tem crescido de forma significativa nos últimos tempos, inclusive no Brasil. Há um acréscimo contínuo do número de empresas privadas e órgãos públicos com atuação na pesquisa e captação de recursos hídricos subterrâneos. Mais que uma reserva de água, as águas subterrâneas devem ser consideradas como um meio de acelerar o desenvolvimento econômico e social de regiões extremamente carentes, e de todo o Brasil.

No Brasil, as secas são fenômenos freqüentes que acarretam graves problemas sociais e econômicos, como no Polígono das Secas, e também nas regiões Centro-oeste, Sul e Sudeste. Desta forma, a exploração de águas subterrâneas tem aumentado significativamente. Vários núcleos urbanos abastecem-se de água subterrânea de forma exclusiva ou complementar. Indústrias, propriedades rurais, escolas, hospitais e outros estabelecimentos utilizam água de poços rasos e artesianos.

A exploração da água subterrânea está condicionada a três fatores: quantidade (condutividade hidráulica, coeficiente de armazenamento de terrenos); qualidade (composição de rochas, condições climáticas e renovação das águas); econômico (depende da profundidade do aqüífero e das condições de bombeamento).



Reservas de águas subterrâneas do Brasil:


Domínios Aquiferos
Áreas (Km)
Sistemas Aquíferos Principais
Volumes Estocados (Km3)
Embasamento Aflorante 600.000 Zonas Fraturadas 80
Embasamento alterado 4.000.000 Manto de intemperismo e/ou fraturas 10.000
Bacia Sedimentar Amazonas 1.300.000 Depósitos Clásticos 32.500
Bacia Sedimentar do Maranhão 700.000 Corda-Grajaú, Motuca, Poti-Piauí, Cabeças e Serra grande 17.500
Bacia Sedimentar Potiguar-Recife 23.000 Grupo Barreiras, Jandaíra, Açu e Beberibe 230
Bacia Sedimentar Alagoas-Sergipe 10.000 Grupo Barreiras; Murieba 100
Bacia Sedimentar Jatobá-Tucano-Recôncavo 56.000 Marizal, São Sebastião, Tacaratu 840
Bacia Sedimentar Paraná (Brasil) 1.000.000 Bauru-Caiuá, Serra Geral, Botucatu-Pirambóia-Rio do Rastro, Aquidauana 50.400
Depósitos diversos 823.000 Aluviões, dunas 411
Total 8.512.000 --- 112.000

Fonte: ANEEL, 1999.

No Brasil, estima-se que existam mais de 200.000 poços tubulares em atividade (irrigação, pecuária, abastecimento de indústrias, condomínios, etc.), mas o maior volume de água ainda é destinado ao abastecimento público. Os estados com maior número de poços são: São Paulo, Bahia, Rio Grande do Sul, Ceará e Piauí. Em algumas áreas, as águas subterrâneas são intensamente aproveitadas e constituem o recurso mais importante de água doce.



Águas subterrâneas na Região Sul

Compreende os Estados do Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul. A combinação de fatores geológicos e climáticos favoreceu uma estrutura favorável ao armazenamento de água subterrânea, sendo a Bacia do Paraná um dos maiores reservatórios de água subterrânea do mundo.

Embora esta região possua tal potencial, o aproveitamento de água subterrânea é feito visando o abastecimento público de pequenas comunidades do meio rural e no suporte do abastecimento de cidades de porte médio.

  • Paraná: 80% das cidades pequenas (20% da população do estado) são atendidas com água do subsolo.
  • Santa Catarina: 95% da população é abastecida com água de superfície; a água subterrânea é utilizada apenas no meio rural.
  • Rio Grande do Sul: 55% de mais de 300 locais com sistema de abastecimento são atendidos total ou parcialmente com água subterrânea.

Águas subterrâneas na Região Sudeste

Os Estados de São Paulo, Rio de Janeiro, Espírito Santo e Minas Gerais fazem parte desta região.

Da conformação geológica da região e da diversidade das condições climáticas e fisiográficas resultaram sistemas aqüíferos dos tipo poroso, fissural e cárstico, com características hidrogeológicas muito distintas.

O emprego das águas subterrâneas na irrigação e na indústria ainda é muito pequeno se comparado ao abastecimento público. Ainda são largamente utilizadas no abastecimento de hotéis, condomínios, colégios e postos de gasolina.

Os volumes de água subterrânea disponibilizados através dos poços tubulares distribuem-se irregularmente pela região.

  • São Paulo: cerca de 70% dos locais é abastecido a partir de manancial subterrâneo. Hoje a disponibilidade de poços tubulares é cerca de 40.000
  • Rio de Janeiro: conta com 2.000 poços tubulares; em algumas regiões do Estado do Rio, como a Baixada Fluminense, a utilização industrial das águas subterrâneas é significativa
  • Espírito Santo: possui cerca de 600 poços tubulares para a captação da água subterrânea, sen- do esta pouco utilizada no abastecimento público e em outras atividades sociais e econômicas
  • Minas Gerais: cerca de 7.900 poços. Há a participação das águas subterrâneas nas sedes mu- nicipais e distritos e também no meio rural. Como exemplo, há o Projeto de Irrigação do Jaíba, no Vale do Rio Verde Grande (MG).

Águas subterrâneas na Região Nordeste

O “Polígono das Secas”, denominação de parte desta área, caracteriza-se por uma escassez de recursos hídricos de superfície, devido às baixas precipitações pluviométricas e à alta evapotranspiração (aproximadamente 90%). O domínio das rochas cristalinas e crisalofilianas, predominantes do clima semi-árido, está sujeito a diversidades climáticas caracterizadas por irregularidades na distribuição das chuvas.

Existem, atualmente, cerca de 60.000 poços tubulares em funcionamento no Nordeste. Também é comum, na zona rural, o atendimento de pequenas comunidades através de chafarizes abastecidos por poços.

Pode-se afirmar que prevalece o abastecimento público, inclusive nas grandes cidades como Maceió e Natal, inteiramente abastecidas por água subterrânea, e Recife, com 20% de sua demanda. Nos Estados do Piauí e Maranhão, o percentual de aproveitamento de água subterrânea ultrapassa os 80%. O uso da água subterrânea na irrigação vem tomando força em vários pontos do Nordeste, como Mossoró (RN), Piauí, Pernambuco e Bahia.

Águas subterrâneas na Região Centro-Oeste

Abrange o Distrito Federal e os Estados de Goiás, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul. Na maior parte da província do Centro-Oeste e em áreas do escudo Central, os sistemas aqüíferos fissurados encontram-se recobertos por sedimentos cenozóicos e paleozóicos que constituem, muitas vezes, importantes aqüíferos.

As águas subterrâneas têm sido utilizadas significativamente, principalmente nas áreas de influência dos grandes centros urbanos, como Brasília, Campo Grande e Dourados.

  • Distrito Federal: possui uma grande quantidade de poços tubulares. A água subterrânea é utili- zada também no abastecimento doméstico e de pequenas comunidades
  • Goiás: cerca de 30% dos locais são atendidos com água subterrânea. A maior parte das indús- trias está localizada na Bacia do Rio Paranaíba, sendo estas, abastecidas principalmente por á- gua de superfície. Destacam-se nesta região as águas termais e minerais, intensamente aproveitadas pelo turismo.
  • Mato Grosso: cerca de 60% dos locais são abastecidos por água subterrânea.
  • Mato Grosso do Sul:encontram-se melhores condições hidrogeológicas, que conta com a ocor- rência dos principais aquíferos da Bacia do Paraná. A principal destinação da água subterrânea é para o abastecimento público, através de 500 poços tubulares.

Águas subterrâneas na Região Norte

Caracterizadas por uma situação hidrogeológica favorável, devido a presença na maior parte de seu território, de depósitos sedimentares de litologia variável, com ocorrência de horizontes de elevada permeabilidade e com frequentes condições de artesianismo.

A água subterrânea é quase totalmente utilizada para o abastecimento humano nesta região. Para a irrigação, é de aproximadamente 10% do total; quanto ao uso industrial, é concentrado nas maiores cidades (Belém e Manaus).

  • Amazonas: é o que utiliza o maior volume de água subterrânea; cerca de 25% do total.
  • Acre: 18,7% dos locais utilizam águas subterrâneas.
  • Rondônia: 25% dos locais utilizam águas subterrâneas.
  • Tocantins: 20% dos locais utilizam águas subterrâneas.
  • Pará: cerca de 79,4% dos locais (abastecimento público) são abastecidos com água subterrâ- neas
  • Amapá: 64% utilizados no abastecimento público.




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